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Cervejas Desaparecidas: A Fascinante História da Roggenbier

Cervejas Desaparecidas: A Fascinante História da Roggenbier
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Meio milênio. Foi esse o período de tempo em que a receita da Roggenbier ficou guardada nas gavetas empoeiradas da História. Conhece a cerveja de centeio que está conquistando (ou reconquistando) o público pela facilidade de beber e pela versatilidade nas harmonizações.

O que é a Roggenbier?

A Roggenbier era uma cerveja produzida na região da Baviera, na Alemanha, durante a Idade Média. Sua característica mais distintiva era o uso de centeio maltado em sua fabricação, ao invés do tradicional malte de cevada. Essa singularidade conferia à Roggenbier um sabor único, com notas picantes e um corpo mais encorpado em relação às outras cervejas da época.

Há 500 anos, a Roggenbier deixou de ser consumida pelos cidadãos da Baviera. A cerveja, que era produzida com até 60% de malte de centeio, foi uma das vítimas de um período de más colheitas naquela região, o que levou ao uso exclusivo desse cereal para a produção de pão.

A Roggenbier, cuja tradução literal é “cerveja de centeio”, foi produzida pela primeira vez em Regensburg, uma cidade que desfruta de uma geografia única, com a confluência dos rios Danúbio, Naab e Regen. Como a abundância de água fresca é um dos fatores essenciais para garantir uma cerveja de qualidade, não é difícil adivinhar que a Roggenbier era uma das principais cervejas da região naquela época.

No entanto, não era a cerveja mais consumida nem a mais popular. Sua reputação de ser uma cerveja simples, ideal para ser servida durante as refeições, pode ter afastado parte do público. Curiosamente, foram esses mesmos atributos que permitiram que, em 1988, a cerveja voltasse a ser produzida com novas nuances e técnicas, mantendo sua personalidade e singularidade intactas.

Quais são as características da Roggenbier?

A Roggenbier é uma dunkelweizen produzida com centeio em vez de trigo. É uma cerveja leve e moderadamente condimentada.

Aroma: O centeio predomina no aroma da Roggenbier, misturando-se às vezes com notas suaves e moderadas de levedura weizen (cravo e ésteres frutados, banana e frutas cítricas).

No copo: A aparência da Roggenbier varia do laranja acobreado ao avermelhado bastante escuro, quase marrom. A espuma é abundante, cremosa, turva e nebulosa, bastante densa e persistente. Às vezes, pode ser espessa e compacta.

Na boca: Corpo médio a médio-cheio, com carbonatação alta e moderadamente cremosa. O teor alcoólico varia de 4,5% a 6%.

Sabor: O sabor moderadamente forte e condimentado do centeio faz da Roggenbier uma cerveja inesquecível. O amargor é médio a médio-baixo, permitindo a presença de um doce maltado, às vezes com um toque de caramelo, ao primeiro contato com as papilas gustativas, seguido pelos sabores de centeio e levedura. O final é moderadamente seco, com um leve amargor de centeio no retrogosto e um sabor moderado a baixo, condimentado, herbal e floral do lúpulo.

O Desaparecimento da Roggenbier

O desaparecimento da Roggenbier pode ser atribuído a uma série de fatores. Primeiramente, o avanço da Revolução Industrial e a crescente urbanização alteraram significativamente o cenário cervejeiro da Alemanha. As cervejarias artesanais, responsáveis pela produção da Roggenbier, foram gradualmente substituídas por grandes fábricas de cerveja que se concentravam em estilos mais comerciais.

Além disso, a ascensão da Lei de Pureza da Cerveja, em 1516, restringiu a fabricação de cervejas a apenas três ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo. Essa lei, embora tenha contribuído para a padronização e qualidade das cervejas, acabou por excluir a Roggenbier, que utilizava o centeio como parte essencial de sua receita.

O Renascimento da Roggenbier

Apesar de sua triste história de desaparecimento, a Roggenbier tem visto um renascimento nos últimos anos. Cervejeiros artesanais e entusiastas redescobriram o charme dessa cerveja histórica e estão empenhados em resgatar suas tradições e sabores autênticos. Através de receitas antigas e técnicas de produção cuidadosas, a Roggenbier está gradualmente encontrando seu lugar novamente no mundo cervejeiro contemporâneo.

Em 1988, a Roggenbier voltou a ser produzida na Baviera, mas hoje em dia é mais fácil encontrá-la nos Estados Unidos. No renascimento dessa cerveja, estiveram envolvidas cervejarias artesanais norte-americanas como Reuben’s Brews (Seattle, Washington), Fate Brewing (Boulder, Colorado) e Great Divide (Denver, Colorado).

Essas três marcas estão tentando direcionar os apreciadores de cerveja nos Estados Unidos em busca dos sabores únicos da Roggenbier. Como? Atraindo-os pela suavidade e facilidade de beber essa cerveja, o que chamamos de “drinkability”, mas também pelo enorme potencial que a Roggenbier tem em harmonizações gastronômicas.

A Roggenbier, uma cerveja desaparecida com uma história fascinante, merece ser celebrada e apreciada por sua singularidade e complexidade de sabores. Embora tenha caído no esquecimento durante um período, o ressurgimento dessa cerveja histórica nos mostra que as tradições cervejeiras podem ser preservadas e redescobertas ao longo do tempo.

Se você está em busca de uma experiência cervejeira única, não deixe de experimentar uma autêntica Roggenbier. Permita-se mergulhar nas histórias do passado enquanto saboreia essa cerveja que um dia foi considerada perdida. Prost!

Foto de Nélio Castro bebendo cerveja no copo

Nélio Castro

Meu nome é Nélio Castro, sou um entusiasta e estudioso de cervejas.
No final de 2015 iniciei o canal Bebendo com Amigos no Youtube com análise e degustação de cervejas artesanais nacionais e importadas, com a intenção de estudar cada vez mais sobre cerveja e compartilhar na internet esse conhecimento. Clique na minha foto ou nome de perfil para conhecer o canal no YouTube!

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