Diante da pandemia e Coronavírus que se espalha pelo mundo, governos de praticamente todos os países do mundo se veem obrigados a tomar medias de contenção. Na maioria deles, as estratégias passam pela restrição do convívio social para evitar aglomerações, o que significa o fechamento de pontos comerciais, de serviços e até indústrias. O Governo mexicano, no entanto, foi um pouco além e determinou a suspensão da produção e bens não essenciais em todo o país até o final de abril – o que significa, por exemplo, o fim da produção de bebidas alcoólicas.
A decisão tem causado um efeito tão óbvio como curioso: uma corrida dos consumidores aos pontos de venda para estocar cerveja.
Atualmente o México assiste à escalada do Coronavírus, com números maiores a cada dia. Ao todo, mais de 2.100 pessoas contraíram o vírus, e 94 delas morreram.
A diretriz presidencial prevê que apenas serviços essenciais continuem funcionando e produtos considerados essenciais continuem a ser produzidos. Na lista de essenciais consta a atividade agroindustrial, um dos principais coponentes do Produto Interno Bruto mexicano. O setor cervejeiro, no entanto, contesta sua classificação como não-essencial, sob o argumento de que se enquadraria nos critérios que a caracterizariam como atividade agroindustrial.
No comunicado em que anuncia acatar a decisão do governo, interrompendo a produção de todas as suas marcas (dentre elas a Corona), a Cervejaria Modelo ao mesmo tempo ressalta a importância da atividade atividade agroindustrial e destaca a contradição da diretriz. No texto, a companhia ressalta que se trata da mais importante da economia do país, e que, dela, fazem parte os 150 mil hectares plantados por ano de malte de cevada, beneficiando 150 mil famílias. “Caso o governo considere oportuno declarar que a atividade cervejeira se enquadra como produto agroindustrial, estamos prontos para por em prática um plano em que mais de 75% de nosso pessoal permaneça trabalhando em suas casas”, afirma o comunicado.
De fato, segundo fontes do setor, há uma movimentação política para convencer o governo central a mudar a classificação da indústria de bebidas. As três maiores cervejarias atuantes no país, Constellation Brands, AB InBev e Heineken estariam assediando o presidente nesse sentido, ao lado do governador do estado de Jalisco, o berço da tequila, que pede que se abra “uma exceção” para o produto.
Não mexa na minha cerveja
No estado de Nuevo Leon, ao norte do país, o governador Jaime Rodríguez Calderón foi ainda mais longe e proibiu até a venda de bebidas alcoólicas, com o argumento de que, sob a situação e estresse causada pela quarentena, a violência doméstica poderia aumentar. O mesmo fez o estado de Tabasco, ao sul, enquanto outras cidades México afora limitaram o horário das vendas.
Com a proibição da produção e do comércio de cerveja, não demorou para que os memes inundassem o ambiente digital mexicano. As hashtags #ConLasChelasNo, que significa algo como “com a breja não” em português, #MexicoQuiereCerveza e #LeySeca passatam a identificar postagens que fazem piada e lamentam a situação.
(Com npr.org)
Conteúdo rastreado pelo Radar Bebendo com Amigos. Originalmente postado por /Guia da Cerveja
