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Você já parou para pensar sobre como as grandes empresas de cerveja dominam o mercado? Hoje nós vamos falar um pouco sobre isso, e como a venda da cervejaria independente Stone Brewing vai impactar o mercado cervejeiro.
Algumas das mais tradicionais cervejarias independentes estão sendo afetadas pelas grandes cervejarias que dominam o mercado. Por isso, não é nem um pouco incomum ver esses grandes conglomerados se interessando pelas pequenas artesanais, que além de renome possuem muita qualidade e personalidade.
A venda de uma cervejaria independente
A grande notícia dos últimos dias no mercado cervejeiro foi a aquisição da cervejaria Stone Brewing pelo grupo japonês Sapporo. Fundada em 1996 na Califórnia, a Stone sempre carregou a bandeira de cervejaria independente e fez frente ao mercado de massa. O que muitos enxergariam como traição e uma perda para o mundo da cerveja, eu vejo de forma muito positiva. Tem sido cada vez mais comum grandes grupos adquirirem cervejarias “pequenas” (em 2021 a Stone produziu 41 milhões de litros), com o intuito de conseguir um atalho para entrar em um mercado regionalizado.
Mas é mais que isso. Essas aquisições acabam por impulsionar a produção e distribuição, fazendo com que os rótulos estejam disponíveis em mais pontos de venda e, na maioria das vezes, por um valor mais acessível. Mais consumidores atingidos, mais crescimento do mercado além da cerveja de massa, mais cervejarias sendo fundadas e mais cervejarias sendo compradas. É um círculo vicioso. Apesar de lento, é um processo que se retroalimenta.
A venda da BrewDog?
Temos inúmeros exemplos desse ciclo dentro e fora do Brasil. Rumores recentes indicam que a BrewDog, a cervejaria punk fundada em 2006 por meio de crowdfunding com mais de 200 mil acionistas e que recentemente lançou um rótulo colaborativo com a La Trappe (Practise What You Preach), está em conversa com a Heineken desde 2018 para uma possível venda parcial da cervejaria. Será mesmo? Quem sabe? De qualquer forma, é um movimento natural do mercado. As melhores vendem mais, têm uma maior fatia de mercado e, consequentemente, chamam atenção dos grandes grupos.
Isso não significa que todo o conceito por trás destas cervejarias independentes morreu. Por mais que o comprador mude totalmente a cultura da cervejaria, a ideia já foi lançada e o mercado já comprou. O nicho foi criado e está consolidado. Se o comprador deixar de atender essa demanda, surge outra cervejaria que vai crescer e, após alguns anos, pode ser comprada por outro grande player.
A cerveja continua com a mesma qualidade?
Mas, e a qualidade? Bom, aqui de fato reside uma grande preocupação. Claro que, no papel de consumidores e apreciadores da Stone Brewing, tudo que queremos é que a qualidade se mantenha. Porém, qualquer indústria que dobra sua capacidade de produção tem seu tempo para atingir a mesma qualidade com maior escala. Também é natural do processo. Vale lembrar que é do interesse da companhia manter aquele nicho abastecido, sob pena de um novo concorrente morder a fatia deste mercado e o comprador ver seu marketshare (que, pelo menos teoricamente, ele comprou junto) diminuir ou até minguar.
Aquisições e fusões são acontecimentos naturais no mercado cervejeiro, da mesma forma que novas cervejarias independentes nascem todos os dias ao redor do globo. As gigantes não se movem por acaso e o fato de grandes grupos se interessarem cada vez mais por cervejarias regionais – e, portanto, fora do circuito de massa – só reafirma que vivemos em um mercado em expansão e sem volta.
Conteúdo rastreado pelo Radar Bebendo com Amigos. Originalmente postado por /Portal Nação Cervejeira – o seu blog de cerveja artesanal