fbpx

Qual o impacto do coronavírus no mercado cervejeiro? 14 marcas analisam

Qual o impacto do coronavírus no mercado cervejeiro? 14 marcas analisam

O mercado cervejeiro brasileiro, assim como toda a economia, está sendo impactado pela crise causada pela pandemia da Covid-19. O fechamento dos pontos de venda (PDVs), como bares e restaurantes, e o isolamento das pessoas em casa detonaram uma crise sem precedentes nas artesanais do país.

As empresas não estão impedidas de produzir, comercializar e entregar a bebida, uma vez que a cerveja está incluída nos decretos que liberam atividades básicas durante a quarentena. Porém, as fábricas estão sem o varejo para escoar a produção. Além disso, muitos PDVs não estão pagando pelos rótulos que haviam comprado.

Mesmo as cervejarias que conseguiram estabelecer processos de delivery eficientes relatam dificuldade por causa da queda na demanda. A renda de boa parte das pessoas diminuiu, e quem não teve redução de rendimentos está cauteloso, em função da recessão, e evitando gastar. Muitas delas, então, cortaram o consumo e compra de cervejas artesanais.

Além disso, há a responsabilidade social das marcas com a saúde das pessoas. A própria Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), orientou, em nota, ser “extremamente importante que as empresas tomem extrema precaução para a prevenção de contaminação de seus colaboradores e clientes”.

Diante disso, o cenário da cerveja artesanal no Brasil é preocupante. Para conhecer detalhes da situação, entender como as marcas estão agindo de fato e saber das expectativas, o Guia ouviu diretamente empresários e executivos de 14 cervejarias do país. Os depoimentos desses profissionais estão a seguir e retratam a realidade do segmento.

Berggren Bier – Nova Odessa-SP
Robson Vergílio – Gerente comercial e de marketing
“Ainda não fechamos o primeiro mês de pandemia, mas acreditamos em uma queda de 75% no volume total de vendas. Estamos trabalhando para desenvolver uma nova experiência para nossos clientes, através de delivery e take aways junto à nossa rede de distribuidores”.

De Halve Maan – Bruges-Bélgica
Marcel Ocampo – Diretor da De Halve Maan Brasil
“O impacto é bastante negativo para nossa empresa. A gente pensa em manter o time completo para assim que a crise acabar, voltar com força total. Estamos internamente trabalhando bastante na questão de gerenciamento de clientes, nos softwares internos para entender como foi o movimento de cada cliente e poder ganhar tempo assim que o mercado for restabelecido”.

DeBron Bier  – Jaboatão dos Guararapes-PE
Thomé Calmon – Sócio-diretor
“As vendas convencionais reduziram para zero. O delivery de cerveja tem se comportado bem. Infelizmente, ações de desligamento têm sido feitas para redução dos custos fixos, pois as iniciativas governamentais ainda não chegaram na ponta e a empresa não consegue esperar. Imaginamos que os negócios retornem em junho, provavelmente com 50% do volume que tinham”.

Dortmund Bier – Serra Negra-SP
Marcel Longo – Diretor e proprietário
“A inadimplência subiu assustadoramente e o consumo caiu a ponto de termos dado férias coletivas aos funcionários, com exceção do cervejeiro. Estamos completamente focados em aumentar nossas vendas nos supermercados. O futuro nunca nos pareceu tão desafiador. Neste momento estamos desenhando conjecturas, analisando nossos números e buscando exemplos interessantes na concorrência e em outros mercados”.

Júpiter – São Paulo-SP  
David Michelsohn – Mestre-cervejeiro
“A Júpiter foi muito impactada pela quarentena. Também fomos impactados com a suspensão de projetos especiais. Receitas que desenvolvemos com exclusividade tiveram sua produção adiada. Bares e empórios suspenderam ou recusaram pedidos feitos. Para enfrentar essa fase, além do foco no delivery, vamos lançar dois rótulos com o Clube do Malte, que serão distribuídos exclusivamente para os assinantes”.

Landel  – Campinas-SP
Samuel Faria – Sócio
“Sabemos o quão necessário é a quarentena para salvar vidas, mas analisando a empresa, o impacto é devastador. Nosso faturamento só não caiu a zero, porque nós nos movimentamos internamente para se adaptar não apenas do ponto de vista operacional (delivery e express), mas também mantendo assessoria de imprensa, publicitário, redes sociais ativas. Mas, mesmo assim, as vendas caíram mais de 70%. Agora analisamos cautelosamente linhas de crédito, para não jogar o problema para frente, o que não vai adiantar em nada”.

Los Compadres – Atibaia-SP
Camille Barioni – Sócia-diretora de marketing
“Estamos com a fábrica parada. Tivemos entre março e abril 15 eventos cancelados e estamos com faturamento zero. Vale dizer que estamos com 90% dos clientes inadimplentes, sem perspectiva de recebimento. Para minimizar, temos uma tap onde estamos trabalhando com delivery e no sistema take away. Aproveitamos também a fábrica parada para dar início a obras de ampliação, tendo em vista que foi necessário que toda a cozinha e adega fossem desativadas. Os próximos meses ainda são uma incógnita”.

Madalena  – Santo André-SP
Vinícius Carreira – Gerente comercial
“ O impacto infelizmente foi devastador, em torno de 50% de queda. Nosso plano atual está no B2C (venda direta ao consumidor), ações de sellout nos PDVs que podem operar, como supermercados, empórios, casas de churrasco, lojas de conveniência, etc”.

Matisse  – Niterói-RJ
Mário Jorge Lima – Sócio-fundador
“Redução quase total da venda para bares, grande redução nas vendas diretas, cancelamentos e adiamento de eventos, solicitações de parcelamento e postergação de pagamentos de boletos. Redução do faturamento em aproximadamente 60%. Priorizada a venda direta através de delivery e interrupção da produção. Foco maior em testes de aprimoramento de receitas e desenvolvimento de novas receitas. Caso a crise se prolongue por mais alguns meses vamos intensificar os esforços na venda direta e aguardar”.

Nacional  – São Paulo-SP
Beatriz Cury – Comercial e marketing
“Com o fechamento do bar, perdemos o faturamento da casa quase em sua totalidade, tanto no varejo quanto em novos negócios, que envolve eventos e venda externa de chope e cerveja. Com o aumento da demanda do delivery, o faturamento nessa área mais que dobrou, porém este valor chega perto de 10% do faturamento total da casa. Com isso não conseguimos pagar as contas fixas que são altas. Nesse momento a ideia é manter o quadro de funcionários e minimizar, com o delivery, o impacto do prejuízo que teremos ao longo de 3 a 4 meses. Os sócios estão dispostos a manter a casa aberta apesar do cenário atual”.

Tarantino – São Paulo-SP
Gilberto Tarantino – Sócio-diretor
“Tivemos uma redução de 97% (no faturamento), freou como um ‘abs’ nas quatro rodas mesmo, o negócio está muito complicado. A maioria dos nossos clientes fecharam, os poucos que estão abertos são para delivery. Infelizmente tivemos que fazer uma redução na equipe, com dó, com choro até, isso foi o mais difícil até agora. O que nós estamos fazendo é acelerar nosso e-commerce, contratamos uma pessoa para fazer a venda por whatsapp, telegram e estamos se virando dessa maneira. É uma coisa inacreditável o que está acontecendo no mundo”.

Three Hills – São Paulo-SP
Ivan Tozzi – Sócio-proprietário
“Tivemos nossas vendas estagnadas, já que nossos clientes pararam de comprar. Podemos dizer que em termos de vendas chegamos a zero nas primeiras semanas. Apenas o nosso e-commerce se manteve, mas também com uma diminuição nas vendas. Nosso foco se voltou para o consumidor final, fazendo ações para vendas no site, parcerias com bares para venda delivery em consignado e criando um delivery próprio nosso em São Paulo”.

X Craft Beer – São Paulo-SP
Rogéria Xerxenevsky – Sócia-proprietária
“O impacto foi de queda de 100% das vendas e aumento da inadimplência que chega a 90%. O que a gente tem tentado é justamente fazer a venda direta para os consumidores finais, porém ainda não existe uma base de dados tão certeira que possa trazer um número que venha a justificar a falta da compra pelos PDVs para manter o negócio ativo. É tentar girar o estoque, parceria com PDV ou venda direta, nós não vamos arriscar em novas produções, vamos aguardar para depois retomar”.

Wonderland Brewery  – Rio de Janeiro-RJ
Chad Lewis – Sócio
“Uma estimativa de perda seria de 80% a 90% da nossa receita regular, além de todos os eventos que foram cancelados. Obviamente a receita caiu, mas tivemos a oportunidade de conversar diretamente com nossos consumidores, aprender sobre o que eles gostam e foi muito emocionante receber suas mensagens de apoio. Conversamos com bares, restaurantes e lojas parceiras, para encontrar soluções individuais para ajudá-los a passar por esse período desafiador”.

Conteúdo rastreado pelo Radar Bebendo com Amigos. Originalmente postado por /Guia da Cerveja

Nélio Castro

Meu nome é Nélio Castro, sou um entusiasta e estudioso de cervejas.
No final de 2015 iniciei o canal Bebendo com Amigos no Youtube com análise e degustação de cervejas artesanais nacionais e importadas, com a intenção de estudar cada vez mais sobre cerveja e compartilhar na internet esse conhecimento. Clique na minha foto ou nome de perfil para conhecer o canal no YouTube!

Você também pode me encontrar no APP Untappd

Ver todos os posts