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As cervejas Tripel foram popularizadas pela produção no Monastério de Westmalle, desde 1934. Muito folclore é repassado sobre a origem do nome, algumas fontes afirmam que o termo surgiu para indicar que a cerveja levava três vezes mais a proporção de malte em sua receita, outros que a receita original possuía três cereais distintos. Observando o cenário de analfabetismo da época e considerando que os barris realmente apresentavam marcações em “X” como representação de intensidade, a origem mais aceita atualmente é que os monges (a pequena parcela da população que possuía estudo) utilizavam a marcação “XXX” como forma de monitoramento. Indiferente da origem do nome, o ponto-chave a ser entendido é que todas as histórias se referem a uma cerveja com alto índice de açúcar antes do início da fermentação (fator conhecido como gravidade original da cerveja).
Clássica Tripel Karmeliet de Abadia
Tripel Karmeliet (que em Holandês significa “Carmelita Tripla”) é uma cerveja feita de acordo com uma receita de 1679 de um antigo convento Carmelita em Dendermonde na Bélgica. Tripel Karmeliet é uma cerveja de Abadia. A designação Abadia é aplicada a uma variedade de cervejas que tem sua origem em antigos monastérios, similar as famosas cervejas belgas do tipo Trapista, mas que hoje não são mais produzidas pelos monastérios. No passado, muitos destes monastérios fabricavam e comercializavam estas cervejas. Hoje, estas instituições fazem parcerias comerciais com grandes cervejarias, como é o caso da Maredsous com a Duvel Moortgat, da Leffe e da Karmeliet com a ABInBev. Enfim: “Toda cerveja Trapista é de Abadia, mas nem toda cerveja de Abadia é Trapista”.
Confira o Vídeo da Tripel Karmeliet aqui
Características de uma cerveja Tripel
Os exemplares do estilo Tripel são claros e alaranjados, com excelente formação de espuma e alta carbonatação, sendo muito comum que apresentem refermentação na própria garrafa. Como é de se esperar dos exemplares belgas, também utilizam-se de adição de açúcar para gerar uma graduação alcoólica de 7,5% até 9,5%.
Sensorial de uma Tripel belga
O sensorial de uma Tripel deixa claro a sua potência e complexidade, proveniente da fermentação. Deve ser extremamente aromática, com notas condimentadas (como cravo e noz-moscada) até notas levemente apimentadas (como canela). Se degustada ainda fresca, as notas são complementadas pelos ésteres que remetem a frutas mais cítricas como laranja, e baunilha. Enquanto se degustada com maior tempo de adega ou caso oxidadas, notas como pêssego, damasco e banana podem dominar o aroma. A percepção do lúpulo é baixa, sendo utilizado exemplares mais condimentados ou florais.
Na boca apresenta corpo médio e uma sensação de leve aquecimento proveniente do álcool, mas sem sensação de queimação. Os sabores devem refletir bem a percepção do aroma de forma equilibrada. Um ponto essencial para analisar tanto o frescor quanto a qualidade da execução da cerveja é a questão do dulçor. A Tripel é uma cerveja de final seco, caso apresente um elevado dulçor no retrogosto deve-se analisar a questão da oxidação causada pelo processo de importação, logística ou eficiência da fermentação.