Apoiados pela Abracerva, fabricantes em 10 Estados e DF buscam identificar terroirs da bebida
Líquido extraído na prensagem da mandioca durante a produção de farinhas e tapioca, e utilizado na culinária do Norte do Brasil, a manipueira será a base de uma produção coletiva e simultânea de 33 cervejarias artesanais brasileiras em 10 Estados. O lançamento oficial do projeto, apoiado pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), ocorre nesta quarta-feira (31 de agosto), em evento na Cervejaria Nacional, a partir de 19h horas.
O nome do projeto significa “o que brota da mandioca”, na língua Tupi. A partir de uma receita comum, os cervejeiros adicionarão leveduras tipicamente brasileiras, extraídas da manipueira. A ideia é que os micro-organismos de cada localidade sejam protagonistas no produto final, que ficará pronto dentro de 12 meses – depois da fermentação e de um período de maturação em barris de madeira na temperatura ambiente de cada local.
Aline Smaniotto sommelière de cervejas e antropóloga, comenta:
“É muito importante para o amadurecimento do mercado cervejeiro trazer discussões como terroir, levedura selvagens, com ingredientes da multiplicidade que o universo da diversidade brasileira tem como um todo. Seja de madeira, de fruta, de leguminosas, de raízes, de folhas etc. Poder mostrar isso no universo da cerveja aproxima mais de um público diverso, aproxima da gastronomia, dos sabores que são tão nossos e também saberes dos povos originários, tradicionais e que estão aqui a tanto tempo, estavam esquecidos e trazer essa homenagem. Este projeto é importante por toda essa diversidade de temas e toda essa dimensão de saberes e sabores, que homenageia e traz para discussão científica brasileira, trazendo muita maturidade para o mercado de cerveja.”
Cada cervejaria buscou fontes de manipueira em sua cidade ou região e realizou uma primeira fermentação do líquido para gerar a quantidade necessária de micro-organismos que serão usados na a cerveja. A expectativa é obter uma cerveja única, que só pode ser produzida em cada uma das cidades do projeto, com aromas e sabores próprios, já que o processo de fermentação também é responsável por conferir essas características.
Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva, avalia:
“Neste primeiro ano, já conseguimos a adesão de mais de 30 fábricas, e a tendência é crescer nas próximas edições. Nosso objetivo é, mais do que isso, aprimorar a ideia de cerveja brasileira, ou melhor, de cervejas brasileiras, já que cada cidade terá a sua própria e única cerveja.”
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