A safra de lúpulo na Alemanha está seriamente comprometida, dizem associações de produtores locais. Elas argumentam que a pandemia de Covid-19 tornou escassa a mão de obra de trabalhadores temporários vindos de fora do país que normalmente trabalham nas plantações.
“Devido ao fechamento das fronteiras, atualmente não há praticamente nenhum trabalhador sazonal para trabalhar durante a primavera nos campos de lúpulo”, diz um comunicado da IGN (Interest Group Quality Hops Niederlauterbach).
Em tempos “normais”, é comum que trabalhadores rurais poloneses, tchecos e romenos viajem à Alemanha para a trabalhar durante a primavera. No entanto, a Alemanha é um dos grandes focos de do novo Coronavírus na Europa, o que provoca um grande temor de contaminação. Hoje a Alemanha contabiliza mais de 62 mil casos e 570 mortes, enquanto Polônia, República Tcheca e Romênia têm todos por volta de 1900 contaminações e menos de 60 mortes.
O problema, assim, não é entrar na Alemanha, já que esses trabalhadores estariam autorizados a viajar e ficar no país, e sim sair: após sua estadia, seria obrigatória uma quarentena de 14 dias em isolamento para que voltassem à sua vida normal na Polônia, por exemplo. No entanto, a maioria deles tem empregos fixos em seu país de origem e fazem o trabalho de colheita de lúpulo no país vizinho durante suas férias – que não seriam suficientes para comportar os 14 dias de quarentena.
Maior área plantada de lúpulo do mundo, a região de Hallertau, ao norte de Munique, demanda aproximadamente 5 mil trabalhadores sazonais anualmente. Em abril, no entanto, época em que o lúpulo começa a crescer, esse número chega a 15 mil.
“A situação é dramática”, avalia Franz-Xaver Hobmaier, presidente de uma cooperativa de Mainburg. “O humor dos fazendeiros oscila entre a esperaçna e o medo”. Para atenuar o problema, ele levantou a possibilidade de recrutar estuantes universitários, que têm suas aulas paralisadas atualmente ou trabalhadores de bares e restaurantes, que perderam seus empregos por conta da crise. “Se não encontrarmos trabalhadores suficientes, pode haver uma escassez de lúpulo nesse ano”.
Uma safra pequena, no entanto, tem tudo para resultar em preços mais altos, o que culminaria em custos maiores para cervejarias e para consumidores.
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