Com mais de três décadas de história, a Brooklyn Brewery, uma das mais renomadas e conhecidas cervejas do mundo, está prestes a completar um ano de sua expansão para o Brasil, em um período de turbulências e conquistas. Em uma joint venture com a curitibana Maniacs, a marca norte-americana desembarcou no país em um momento de crise econômica e política, mas tem conseguido prosperar, a ponto de planejar a expansão dos rótulos produzidos por aqui.
Atualmente, a Brooklyn produz dois rótulos no Brasil, a Lager e a East India Pale Ale, importando todos os outros. Mas com a previsão de ampliação da presença da marca no território nacional, a ideia é de em breve passar a produzir um terceiro ou até mesmo quarto rótulo por aqui. E Marina Daur, gerente da marca no Brasil, revela quais são as opções avaliadas.
“Com o crescimento da marca no Brasil (queremos triplicar o volume nos próximos meses) a ideia é escolher um ou dois desses skus para produção aqui. Temos um carinho especial pela Sorachi, que é a menina dos olhos do Garrett (Oliver, mestre cervejeiro da Brooklyn) e é uma cerveja feita com o lúpulo japonês, mas considerando que IPA é praticamente sinônimo da categoria de artesanais, há grandes chances de produzirmos a Defender por aqui, que é uma IPA mais leve, com 5,5% de teor alcoólico, muito saborosa e é a cerveja oficial do Comic Con de NY”, afirma.
A chegada inicial da Brooklyn ao Brasil se deu inicialmente em 2011, mas apenas com a importação da bebida, surgida em Nova York, distribuída pela Carlsberg na Europa e que em 2016 teve 24,5% das suas ações adquiridas pelo grupo Kirin.
E diante do cenário de crescimento do mercado de artesanais brasileiro, a marca norte-americana decidiu pela expansão, com a realização da produção local a partir da parceria com a Maniacs, mas que tem seguido os padrões estabelecidos na sua origem, em Nova York.
“Para que a produção aqui fosse possível, além do investimento em uma planta fabril, nossa equipe foi até os Estados Unidos receber um rígido treinamento, Garrett Oliver, o mestre cervejeiro da Brooklyn e ícone no mercado, visitou as instalações por aqui, homologamos os mesmos fornecedores de NY e mandamos todos os lotes para testes sensoriais e laboratoriais antes de colocar o produto à venda”, explicou Marina.
O processo e conquista do mercado no Brasil começou a se intensificar em 2019, especialmente a partir da realização e participação em eventos. ” De janeiro pra cá, aos poucos, a marca vem ganhando mais força nos principais clientes através de ações como a Brooklyn Burger Week que realizamos em maio, em mais de 30 hamburguerias. Também estivemos presentes no Festival de Pinheiros, no Mondial de La Biere e Curitiba Blues Festival”, diz.
Mas os desafios e problemas no processo também apareceram. E o maior deles nesse primeiro ano foi a crise econômica, pois acarretou diretamente na diminuição no poder de compra dos consumidores, restringindo o acesso aos seus rótulos, até por decisão de alguns empreendimentos, que tem preferido ofertar apenas cervejas mais baratas.
“O Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja no mundo, mas é também um país que está passando por uma crise político-econômica, que refletem no consumo de modo geral. Dentro das artesanais, que já são naturalmente mais caras que os rótulos mainstream, a Brooklyn também se enquadra em um perfil de cervejas premium. Com a nacionalização, o produto ficou sim mais barato, mas ainda pode ser um desembolso alto para o consumidor brasileiro”, admite Marina, também apontando a variação cambial como outro eventual entrave.
Isso pode dificultar os planos de expansão de distribuição da cerveja. Mas, para driblá-lo, a Brooklyn tem apostado na boa recepção aos seus rótulos, apontando o crescimento do conhecimento dos seus produtos. “A marca é muito querida aqui e no mundo todo! Quem já conhece, adora e quem não conhece, quando tem o primeiro contato, logo se encanta pelo produto, pela história e isso tudo é muito positivo”, comenta Marina.
Maniacs
Para compreender mais rapidamente as especificidades do mercado brasileiro, nada melhor do que contar com um apoio local. E foi o que se deu com a Brooklyn a partir da joint venture com a Maniacs, que lhe ajudado tem com o conhecimento, como aponta Marco Koch, gerente da marca da cervejaria curitibana.
“A experiência da Maniacs e de todo o nosso time nas especificidades comerciais do mercado brasileiro é fundamental para o crescimento das duas marcas aqui no Brasil. O mercado brasileiro e o americano estão em momentos de maturação distintos, ter a Maniacs para desbravar o país ajuda a Brooklyn a crescer mais forte por aqui”, diz.
A Maniacs, evidentemente, também se beneficia nessa parceria com a Brooklyn, seja pelo chamariz provocado pela parceria com uma marca tão renomada, mas também pelo padrão de produção e práticas dessa cervejaria.
“Do ponto de vista comercial, ter a Brooklyn ao nosso lado é uma honra e ajuda a abrir portas por todo o Brasil. Há também alguns processos de produção e boas práticas que são padrão na Brooklyn e que nossos cervejeiros também implementaram nas cervejas feitas pela Maniacs”, comenta Koch, que também enxerga similaridades entre as marcas.
“Colocar no mercado cervejas que sejam especiais para o Beer Geek e que ao mesmo tempo encantem o consumidor iniciante é algo que ambas as marcas estão comprometidas”, conclui.
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